Marília Medeiros
Professora |
32 anos
Olá, sou Marília, mãe de Alice que hoje tem 7 anos.
Há 8 anos atrás descobri a minha gravidez, e comuniquei ao pai da minha filha, na época, ele tinha inventado uma mentira, dizendo que estava com problemas e sumiu. O encontrei por meio de pesquisas na internet, liguei e disse que precisaria conversar, pois aquele momento era difícil pra mim , estava sozinha e grávida.
Eu trabalhava no Centro do Rio de Janeiro, marquei de conversar-mos em um estabelecimento de lanches, onde compareceu.
Levei todos os exames, para mostrar a ele,que realmente eu estava grávida e ele é o pai. Disse que assumiria a criança, dando todo suporte, mas que não ficaríamos juntos, pois já tinha outra pessoa na vida dele.
Concordei, ele disse que manteria contato, mas a partir daquele dia, nunca mais.
Minha família me abraçou, graças a Deus, mas mesmo assim, corri atrás dele pra saber, se realmente ele queria dar a paternidade. Ele trabalhava em uma empresa de bebidas, e tinha um número de celular que eu sabia e sempre ligava, só que depois, esse número parou de existir.
Trabalhei até meu último dia de gestação, Alice nasceu dia 12/02/2012 as 10:50 da manhã, minha princesa.
Quando registrei no cartório, meu pai foi comigo, só no meu nome.
Ainda, procurei ele, mas não o encontrei, aí desisti, e segui minha vida.
Até porque, minha filha é mais importante, estava sozinha, mas tinha que cuidar e cria-la.
Anos se passaram, veio o Facebook, procurei e o encontrei. Já casado e com filho, enviei uma mensagem dizendo que precisaria conversar.
Nunca me respondeu.
Já estava exausta de correr atrás e desisti.
Porque se ele quisesse mesmo conhecê-la, se existisse afeto, eu não estaria passando por isso. Foi desgastante.
Hoje, com amor e carinho, cuido, visto, calço, educo ela com dificuldades, mas graças a Deus nunca faltou nada.
São 7 anos, anos que se passaram e ele nada.
Alice já perguntou sobre, eu eu expliquei, mas não falei mal dele, porque quero que ela cresça, e se um dia ela quiser encontrá-lo, que ela tire e veja as próprias conclusões.
Eu faço o meu papel de mãe, amo, trabalho, estudo, para dar o melhor pra ela. Ela precisa de mim. E eu estou aqui.
Kelson da Construção
Vendedor |
36 anos
1983, o ano que eu nasci...
Minha avó que fala que encontrou meu pai no supermercado e avisou pra ele que eu já havia nascido e estava na casa dela.
Ele falou que assim que tivesse um tempinho iria lá, mas um homem tão ocupado não encontra tempo assim com facilidade.
De 1983 até pelo menos 2019 ele ainda não teve esse tempo.
Nós moramos no mesmo bairro há mais de 30 anos então é possível que eu até já o tenha visto em algum lugar tipo loja ou transporte público etc...
Na prática não faz nenhuma diferença a ausência do que nunca foi presente, afinal o que não existe não faz falta.
Eu não tenho condições de imaginar o que perdi com isso porque eu não sei como é a vida de outra forma, apenas sei o que vivi.
Não tenho nenhum tipo de trauma ou complexo. Também não tenho nenhum tipo de curiosidade ou vontade de conhecer o sujeito. Não tenho nenhum tipo de sentimento ruim e nem bom com relação a pessoa em si. Não tenho o nome paterno em registro e não sei qual é o benefício de ter ou prejuízo de não ter pois nunca fui privado de algo ou discriminado por essa razão. Acredito que se tivesse o nome no registro a única diferença seria o nome mesmo. Como o nome de um pai morto por exemplo, alguém que morreu antes de você nascer e você sabe o nome mais nunca viu fisicamente. Acredito apenas na importância do amor, coisa que eu tive e tenho, recebi daqueles que estão e estiveram em minha volta. Um nome é um mero detalhe, um nome é só um nome.
Pedro Henrique Vieira
Existe tanta criança sem pai no Brasil por falta de... no meu ponto de vista, por falta de responsabilidade. Porque hoje em dia a população ela vê de uma maneira diferente, né, as pessoas veem de maneiras diferentes e assim, ele não quer um compromisso, não quer afirmar um compromisso, um vínculo com aquela pessoa. Digamos que um homem conheceu a mulher, namorou, ficou, casou, teve filho. É uma situação, entendeu? Agora, o cara saiu num baile, conheceu uma mulher, engravidou não sabe nem daonde a mulher é essa. Se a mulher é uma pessoa legal ou não. Ele não vai querer nem correr atrás, se responsabilizar disso. Poucas pessoas vão querer buscar isso e correr atrás.